Pix é ferramenta para bancarização e inclusão social, diz Febraban

Em live, Isaac Sidney, presidente da Febraban, apoia agenda de competição e pede simetria regulatória para o setor; João Manoel Pinho de Mello, diretor do BC, diz que Pix é mais uma escolha para clientes; assista à íntegra

Para Isaac Sidney, presidente da Febraban, o novo sistema de pagamento instantâneo Pix é uma ferramenta poderosa que vai impulsionar a bancarização no país no médio prazo, levando novos clientes ao setor financeiro. “Isso é importantíssimo para a inclusão social e para combater a desigualdade no Brasil”, afirmou o executivo, durante debate promovido pela Febraban e transmitido pela noomis nesta segunda-feira (9).

A live contou com participação de João Manoel de Mello, diretor de Organização do Sistema Financeiro e Resolução do Banco Central, e Leandro Vilain, diretor de Inovação, Produtos e Serviços Bancários da Febraban, que abordaram os próximos passos do sistema de pagamento, que será lançado para todos os usuários na próxima segunda-feira, dia 16, além de avaliar a fase de testes do novo método de pagamento, o impacto sobre a economia e o que mudará na vida de empresas e clientes. A moderação foi de João Borges, diretor de Comunicação da Febraban.

Mello lembrou que o período de pandemia, apesar de trágico nos âmbitos humanitários e econômicos, deixará um legado no quesito bancarização. Ele compartilha da mesma avaliação do presidente da Febraban. “Em cima disso, o Pix ajudará ainda mais a servir clientes que antes era difícil de servir; uma das características do Pix será a inclusão financeira e, quando inclui financeiramente, abre um horizonte de oportunidades”, disse Mello, ao ressaltar o “mundo de possiblidades” de melhoria e bem-estar social que a ferramenta pode propiciar.

Vilain, por sua vez, destacou que, apesar das grandes diferenças sociais do país, o Brasil é um país com consumidores “vorazes” de tecnologias, o que deve acelerar a adoção dessa nova fermenta de pagamentos digitais.

Ferramenta essa que, para Mello, é um aprimoramento dos excelentes serviços que o setor financeiro vem prestando para a sociedade ao longo dos anos. “Desde o papel moeda confiável, passando pela indústria de cartões, que teve sua grande contribuição para a digitalização do meio de pagamento, outros arranjos de pagamento como TED, DOC e boletos, já houve enorme avanço. Agora, como sempre, há espaço para aprimoramento; o Pix é mais uma escolha que vem para somar e trazer valor para usuários e cidadãos brasileiros”, definiu o diretor do BC.

Em razão desse histórico de vanguarda na tecnologia, Sidney considera o setor bancário preparado para dar início às operações com o Pix, que, após período de operação restrita (com até 5% da base de clientes e usuários selecionados pelas instituições financeiras), será liberado integralmente para todos os clientes a partir do dia 16. “Somos mundialmente reconhecidos por termos grande expertise em tecnologia bancária. Não é de hoje que o setor bancário vem introduzindo tecnologias”, destacou o executivo, que citou o pioneirismo do Brasil ao adotar cartões de crédito com chips, no uso de tokens para transações, no desenvolvimento de internet e mobile banking, e no cadastro de mais de 60 milhões de clientes com biometria. “São funcionalidades que fomos pioneiros”, ressaltou. “O Pix vem se somar ao mundo da tecnologia bancária, será algo que consideramos histórico e que vai nos levar a uma nova era dos meios de pagamento.”

BANCOS ESTIMULAM A CONCORRÊNCIA

Com mais de 700 instituições financeiras cadastradas, o Pix promete ampliar a concorrência e a competitividade no setor financeiro. 

Mello esclarece que o BC não prestará qualquer tipo de serviço direto aos clientes, sejam pagadores ou recebedores. “O que o BC fará é disponibilizar uma plataforma barata e eficiente para que bancos, cooperativas de crédito e instituições de pagamento usem a plataforma para prestar serviços aos clientes”, explicou. “A plataforma é o insumo.”

Essa concorrência, explica Mello, faz parte da agenda do BC, que tem como um dos pilares aumentar a competitividade do setor. “Todos os atores estão preparados para concorrer e oferecer bons serviços.”

O aumento da eficiência, afirma Mello, leva a uma tendência de aumento do “bolo”, fazendo com que todo o setor tenha vantagem e, sobretudo, há espaço para todos . “Concorrência pressupõe escolha; o Pix é uma escolha.”

Sidney ressaltou que o setor bancário sempre apoiou a agenda de competitividade do BC e apoia a participação de diversos novos players no setor. No entanto, é preciso que haja isonomia regulatória para todos que desejam atuar em determinado nicho de mercado. “Somos favoráveis à competição, estimulamos ambiente competitivo, queremos que entrantes tenham bônus da competição, mas o ônus da simetria regulatória. É importante que todos estejam na mesma posição para concorrência”, defendeu. “Concorrência é saudável para todos os setores.”

Em relação a possíveis perdas de receita com tarifas de serviços, Sidney ressalta que 60% das contas transacionadas já são isentas desse tipo de cobrança por regulação do Banco Central. Entre as contas restantes, uma fatia significativa dos clientes também já é isenta em função do relacionamento com o banco e outra parcela acaba entrando em pacotes de serviços. “O Pix, no que diz respeito à receita dos bancos, deve ter impacto limitado”, projeta.

RETOMADA ECONÔMICA

O Pix também será uma importante ferramenta para a retomada econômica pós-crise. Para os especialistas, a maior liquidez (velocidade e facilidade com que um ativo pode ser convertido em caixa) aos comércios -e profissionais autônomos-, sobretudo em horário fora do expediente, vai acelerar a entrada e saída de recursos das contas, incentivando o aumento da atividade econômica.

“A velocidade com que você dá a liquidação dos recursos é fundamental para a economia, especialmente agora no momento de recuperação econômica. Essa velocidade vai ser um diferencial brutal”, resumiu Vilain.

Nesse sentido, Mello lembrou que o custo de transação, gratuito para pessoas físicas, incentivará que mais negócios ocorram. Ou até mesmo, como destacou Sidney, tende a estimular mais investimentos. “O Pix dará uma nova lógica para as atividades comerciais, trará mais agilidade para quem compra e quem vende”, completou Sidney.

Assista à íntegra do debate, promovido pela Febraban e transmitido pela noomis.

FONTE: Febraban

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