Facebook remunera bancos por cada pagamento P2P no WhatsApp

Os bancos emissores de cartão que oferecem pagamento por WhatsApp estão sendo remunerados por cada transação realizada dentro do app de mensagens, mesmo nesta primeira fase restrita a transferências gratuitas entre pessoas físicas. Quem está arcando com esse custo é o Facebook, em uma estratégia para atrair os bancos e estimulá-los a fomentar o meio de pagamento e conquistar rapidamente uma massa de usuários. A aposta do Facebook é que se trata de um investimento sobre o qual terá o retorno no futuro, quando o Banco Central autorizar compras pelo WhatsApp e o uso de cartão de crédito. Aí o Facebook passará a receber uma parte da taxa cobrada dos lojistas pela rede de adquirência.

A remuneração dos bancos acontece nas duas pontas, ou seja, tanto para o banco que envia o dinheiro quanto para aquele que recebe, sendo um pouco maior para o primeiro. O pagamento é feito aos emissores pelas bandeiras Mastercard e Visa, responsáveis pelos arranjos, mas por trás é o Facebook quem está bancando isso. “É como se fosse um intercâmbio adicional”, descreve uma fonte ouvida por Mobile Time.

Os valores não foram divulgados, mas sabe-se que variam de acordo com os acertos entre bandeiras e emissores. Em alguns casos é um percentual, em outros é um valor fixo. Mas em todos eles o valor é menor do que aquele que os emissores recebem por compras em cartão de débito.

Não existe nos contratos nenhum limite em valores ou quantidade de transações para a remuneração dos bancos.

Base

O WhatsApp tem cerca de 130 milhões de usuários no Brasil. A expansão da base habilitada a utilizar a funcionalidade de pagamento acontecerá gradativamente e de três formas: 1) cada emissor tem direito a convidar diretamente, através do seu aplicativo, até 1 mil clientes por dia nestes (limite que vai aumentar aos poucos até o fim do mês); 2) expansão viral (cada pessoa que recebe um pagamento é automaticamente convidada a se cadastrar no Facebook Pay); 3) disponibilização da funcionalidade do Facebook Pay dentro do WhatsApp para 2 milhões de usuários no Rio de Janeiro e em São Paulo, selecionados pelo Facebook.

Análise

A decisão do Facebook de remunerar os bancos chama a atenção por se contrapor àquela adotada por outras gigantes de tecnologia que entraram no setor de pagamentos. A Apple, quando lançou o Apple Pay, por exemplo, passou a receber uma pequena taxa por cada transação realizada.

O WhatsApp é o aplicativo mais popular do Brasil, presente em 98% dos smartphones nacionais, de acordo com a pesquisa Panorama Mobile Time/Opinion Box sobre mensageria móvel. Embora isso lhe garanta uma vantagem expressiva, por outro lado é importante lembrar que o mercado de pagamentos no Brasil é extremamente competitivo, com várias redes de adquirência, bancos digitais e fintechs disputando espaço. Isso sem falar na chegada do Pix, que facilitou e barateou sensivelmente as transações P2P, tendo conquistado mais de 75 milhões de usuários em cinco meses. Talvez, se o Facebook Pay tivesse sido lançado alguns anos atrás, seriam os bancos que pagariam para usá-lo. Mas o contexto atual é diferente. 

FONTE: Mobile Time

17 Comments