A nova onda de inovação dos meios de pagamento no Brasil: Pix, o pagamento de todos para todos!

É fundamental que os profissionais envolvidos com a utilização dessa nova ferramenta a compreendam, para aproveitá-la da melhor forma em uma moderna estratégia de gestão financeira

Pix permitirá pagamento rápido e simplificado por meio de QR Code - iStock

Pix permitirá pagamento rápido e simplificado por meio de QR Code

Pix que, por uma infeliz e oportuna coincidência, está sendo implementado em um ano de mudanças drásticas em todos os nossos tipos de relacionamentos, em função da pandemia, marcará o início de mais uma nova fase do mercado financeiro. 

Este serviço online promete revolucionar os meios de pagamento e já está em testes no Brasil. Podendo, aos poucos, substituir várias outras formas de pagamento em uso, tais como o boleto, a TED (Transferência Eletrônica Disponível), e, até mesmo, o cartão de débito e o cartão pré-pago. 

Em síntese, os pagamentos instantâneos são as transferências monetárias eletrônicas nas quais a transmissão da ordem de pagamento e a disponibilidade de fundos para o usuário recebedor ocorrem em tempo real, e cujo serviço está disponível durante 24 horas por dia, sete dias por semana e em todos os dias no ano.

As transferências são feitas diretamente da conta do usuário pagador para a conta do usuário recebedor, sem a interferência de intermediários financeiros (o que agiliza o processo e praticamente elimina a cobrança de custos ou tarifas por terceiros).

Os pagamentos instantâneos pretendem ser a inovação que ajudará a preencher lacunas importantes na cesta de instrumentos de pagamento disponíveis para a população como: 

  • A utilização elevada do dinheiro em espécie para pagamentos de serviços e para transferências de recursos entre pessoas físicas, justificando a política do Banco Central de incentivo à eletronização dos instrumentos de pagamento de varejo, tendo em conta que podem gerar redução significativa do gasto com a realização de pagamentos, bem como da sonegação de tributos; 
  • As transferências eletrônicas interbancárias de crédito, como a TED e o DOC, estão longe do seu potencial de utilização, principalmente por causa das tarifas elevadas para essas operações, das dificuldades no endereçamento das transferências e da ausência de confirmação das transações; e,
  • Os custos de aceitação de cartões de crédito e de débito ainda são elevados, e a disponibilização dos recursos para o beneficiário final do pagamento não é imediata.

O aprimoramento da experiência é um dos principais benefícios dos pagamentos instantâneos para os usuários pagadores, o que pode ser facilmente alcançado por meio da diversidade e da inovação em modelos de negócio associados a esses pagamentos. 

Iniciar um Pix será tão simples quanto selecionar uma pessoa na lista de contato do telefone celular (sem a necessidade de inserir informações como número do banco, da agência, da conta e o CPF do recebedor) ou ler um código único de identificação, como um QR Code, por exemplo. 

Diversidade e inovação são aspectos muito importantes para que o objetivo da promoção da competição entre arranjos de pagamento seja alcançado, gerando mais eficiência no ambiente de pagamentos de varejo brasileiro.

Com certeza, muitos de nós já experimentamos mudanças importantes no SFN, ao longo dos últimos anos, como a redução da inflação, a implantação das diversas modalidades de cartão de crédito e o início das TEDs. Agora, com a redução drástica dos ganhos com tarifas e com spreads mais competitivos, aliados às fintechs, mais do que nunca as grandes instituições financeiras do mercado serão postas à prova em sua capacidade de adaptação, buscando novas fontes de rentabilidade e aprendendo a operar com margem de lucro reduzida. 

Se tudo ocorrer dentro do planejamento traçado pelo BC para a implementação do Pix, em poucos anos ele será capaz de tornar obsoletas outras modalidades de transferências de uma conta bancária para outra, por exemplo, DOC (Documento de Ordem de Crédito) ou TED (Transferência Eletrônica Disponível). Como também poderá substituir outros meios de pagamento como cheque, boleto, dinheiro físico etc.

Essa mudança é esperada e desejada, já que todo o ecossistema financeiro brasileiro tem evoluído constantemente e, por isso, precisa de ferramentas que se adequem à realidade.

O Brasil, na América Latina, é o país mais integrado e ajustado às novas tecnologias disponibilizadas mundialmente. Em consequência, as perspectivas de nossa população de adotar este método de pagamento rapidamente são grandes, pois muitos já utilizam as contas digitais. Primeiro passo para essa evolução se tornar uma realidade.

Apesar dos muitos pontos positivos que tem, o Pix ainda é visto com desconfiança entre alguns consumidores, reação comum a qualquer nova tecnologia lançada. Por isso, é fundamental que os profissionais, que estarão direta e indiretamente envolvidos com a utilização dessa nova ferramenta, a compreendam para aproveitá-la da melhor forma possível em uma moderna estratégia de gestão financeira.

O BC determinou alguns objetivos importantes para o Pix:

  • Velocidade: a transação ocorrerá em segundos, como a palavra “instantâneo” presente em Pix sugere;
  • Segurança: a Rede do Sistema Financeiro Nacional (RSFN) será a base para proteger informações nas transações efetuadas com o Pix;
  • Disponibilidade: desburocratizar ainda mais o mercado financeiro brasileiro com operações que poderão acontecer de onde o pagador e o recebedor estiverem, sem restrições de horário ou de dias úteis; e sem taxas para pessoas físicas;
  • Conveniência: a experiência proposta com o Pix vai ao encontro de tudo que já foi oferecido pelo sistema bancário tradicional e promete revolucionar a vida de todos os envolvidos, com redução de custos para pagamentos e transferências;
  • Multiplicidade de casos de uso: como será possível que transações financeiras ocorram entre pessoas e empresas, governos, e-commerces, lojas físicas etc., a demanda de 45 milhões de desbancarizados do país poderá ser atendida;
  • Ambiente aberto: melhorar a qualidade dos serviços oferecidos pelas instituições que o compõe por meio da digitalização e da competitividade, uma vez que poderá ser integrado a bancos e fintechs, por exemplo; além de internacionalizar o mercado de meios de pagamento do Brasil.

Estudos indicam que o dinheiro é uma alta fonte de contágio de doenças e que, ao contrário do que muitos acreditam, cartões de crédito podem ser piores do que dinheiro (afinal, eles vão e voltam a cada transação). Em consequência, em tempos de pandemia e afastamento social, soluções contactless de pagamento como QR Code e NFC serão os meios mais seguros, e abrem janela para financeiras expandirem o hábito de uso da solução.

Realizar pagamentos online e por aproximação já é um hábito fortemente introduzido no dia a dia dos consumidores. O pagamento online é uma forma efetiva para evitar ambientes públicos, não encostar em objetos contaminados e, também, possibilitar entregas sem contato. Os pagamentos por aproximação, apesar de menos eficientes em reduzir a interação humana, limitam o contato do consumidor com as maquininhas de cartão, pois transações até determinado valor não exigem senha.

A covid-19 acelerou a descontinuidade dos pagamentos em espécie em mercados desenvolvidos e em desenvolvimento, especialmente entre os consumidores que têm acesso aos meios de pagamento eletrônicos, mas que ainda optam pelo dinheiro.

No Brasil, onde 36% da população ainda prefere pagar pelas suas compras cotidianas em dinheiro, é muito provável que vejamos um crescimento significativo nos pagamentos online e por aproximação. No entanto, ainda existem 45 milhões de adultos desbancarizados no país que não têm a opção de migrar do dinheiro em espécie para o digital.

Com mais de 60 milhões [até 3 de novembro] de chaves de acesso cadastradas e mais de 700 instituições autorizadas pelo Banco Central a oferecer a nova forma de pagamento, o Pix chega em 16 de novembro para encabeçar a revolução digital do Sistema Financeiro Nacional, podendo ser utilizado em todos os dispositivos eletrônicos das instituições financeiras ou de pagamento, como aplicativos para smartphones e caixas eletrônicos. Isto trará para instituições de pequeno porte, fintechs e demais startups a possibilidade de disputar espaço no mercado, criando uma nova estrutura do ecossistema financeiro no Brasil.

O impacto esperado com a implementação do Pix no mercado financeiro brasileiro vai provocar mudanças significativas na forma como as pessoas, instituições financeiras, governos etc. lidam com o dinheiro. A modernização do Sistema Financeiro Nacional, provocada pela chegada de inovações como o Pix, open banking e LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados), está fazendo com que o mercado se estruture para atender às novas demandas dos consumidores.

Algumas perguntas que ficam no ar:

  • Será o fim do dinheiro físico?
  • O Pix vai provocar o apocalipse do uso de terminais POS e gerar o fim da guerra das maquininhas, que mal começou? 
  • O que precisa ser feito: lutar contra o Pix ou se adaptar a ele?
  • Como será o modelo futuro de nosso Sistema Financeiro Nacional?
  • O Banco Central conseguirá, finalmente, a tão desejada inclusão bancária?

FONTE: Febraban

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